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Pitões da Júnias

Uma Aldeia ancestral cheia de tradições Pitões de Júnias está situada no município de Montalegre, na parte transmontana do Parque Nacional da Peneda Gerês. São as montanhas que se erguem em redor e propiciam as molduras mais bucólicas deste recanto, é terra de montanhas magníficas, de enigmas, de lendas e mistérios.

Situada a 1100 metros de altura, entrar nesta aldeia é ser-se transportado para um ambiente dos mais tradicionais e pitorescos que as terras de Barroso do Gerês transmontano tem para oferecer. E isto muito se deve ao isolamento profundo e ao silêncio vital deste povoado enganosamente adormecido num vale “fremoso” do planalto da Mourela.

Há nesta aldeia um tesouro humano que toca a alma lusitana e tem os braços abertos para o receber. Nas ruelas estreitas da aldeia mais visitada de Montalegre, não podemos deixar de nos apaixonar pelas suas típicas casas de granito pela paz e vistas magníficas que nos rodeiam.

Diz-se que as gentes eram temerárias e resistiram às investidas castelhanas com garra. Só não resistiu o castelo nem o mosteiro. Nas ruinas do Mosteiro de Pitões das Júnias encontrará a magia e será fácil perder algumas horas a imaginar como seria a vida dos monges que aqui viveram durante séculos.

O regime de regras comunitárias por que se regulavam os pitonenses, é provavelmente a herança socioeconómica mais valiosa que nos deixou a todos. Desse legado comunitário restam a corte do “boi do povo”, actual polo do ecomuseu, o forno comunitário que ainda coze pão, o relógio de sol indiferente ao tempo que marca, o espigueiro que os da terra chamam canastro e o moinho.

Vamos falar um pouco de todos estes pontos:


Corte do Boi do Povo – Polo do Ecomuseu do Barroso


No polo do Ecomuseu do Barroso encontrará os saberes e modos de vida dos antigos, vai perceber o que moldou o carácter e índole destas gentes. Aqui também estão representadas as agrestes montanhas do Gerês, o lobo ibérico, a pastorícia em regime extensivo, a vezeira, a tecelagem, a agricultura de montanha, os modos de produção local, as alfaias agrícolas, entre outros. No piso superior, poderá ver as tarefas da mulher no “governo da casa”. E no rés-do-chão, os ofícios do homem, a vida comunitária e… O “boi do povo”.


Entrudo em Pitões


Se há coisa que os pitoneneses sabem, é celebrar. Na necessidade de união e na fome de cultura reaparecem os usos, costumes e tradições que se julgavam perdidos. No Entrudo, saem à rua os Caretos e Farrapões e parece que o diabo anda à solta desenfreado pelas ruas a atormentar os incautos, a celebração do Entrudo é data comemorada com muita brincadeira. Dançam-se e cantam-se as Rodas de Pitões ao som das concertinas acompanhadas de gaiteiros e o convívio acaba sempre à volta duma merenda.

No Entrudo acontece a Mostra de Produtos Típicos da região. Desde o mel, chás e ervas aromáticas, os enchidos de fumeiro e o presunto são os saborosos produtos que esta aldeia não deixa de lhe oferecer.


Fiadeiros de Contos – Pitões das Júnias


Desafiamo-lo a visitar Pitões das Júnias em julho e terá uns quantos Fiadeiros de Contos para lhe animar o serão, no Largo Eiró ou no forno do povo. Na companhia da aldeia em peso para o convívio, para a risada, a amizade e troca de vivências. Há séculos que Pitões conta histórias ao borralho, no forno do povo, a caminho das courelas ou vindo da vezeira. Não perca o fio à meada e oiça os contos rurais de fio a pavio.


Centear – Festival do Centeio


O mais recente espaço cultural que orgulha as gentes de Pitões é o Teatro. O largo da escola foi transformado em anfiteatro e espaço lúdico da terra. Em harmonia com o casario, o anfiteatro já foi o palco de estreia de mais um evento cultural, um deles, o Festival do Centeio, onde o foco está na arte de “Centear”, desde que o grão vai à terra até que chega à mesa em reconfortante pão.


Magusto Celta


Antes da chegada do inverno, mais uma celebração enche a aldeia de animação. Com o Magusto Celta dá-se as boas vindas ao Ano Novo Celta e despedimo-nos do verão, pois, por esta altura o frio já paira no planalto da Mourela.


Igreja Matriz de São Rosendo


Não podemos esquecer de referir os templos religiosos da Capela do Anjo da Guarda e a sempre aldeã igreja matriz, dedicada a São Rosendo.


Vezeira


Neste património etnográfico comunitário temos a vezeira. Quem olha para as terras de Pitões das Júnias que se estendem até às montanhas dirá que a terra está despida. As árvores são escassas no planalto da Mourela. Por uma razão muito simples: as gentes não as quiseram lá. Em tempos quiseram obrigar a forrar tudo a pinheiro mas os pitonenses resistiram como lhe é conhecido estar nas entranhas, porque com o pinhal ficavam sem terra para a vezeira. “Que comia o vivo? Agulha e resina?”. A Vezeira é o acordo dos habitantes em juntar todo o gado e fazer o pastoreio em conjunto. Para manter estes pastos foi assim mantida a custo a Vezeira.


Destino de Natureza – Trilhos e Percursos Pedestres


Para os amantes da natureza, Pitões é um paraíso, da aldeia partem vários trilhos do Gerês com todos os graus de dificuldade, havendo até hipótese de pernoita em abrigos de montanha. O centro de interpretação da Mourela, uma antiga casa-abrigo que se situa perto da aldeia, pode ser um bom ponto de referência se quiser explorar os trilhos e percursos pedestres que serpenteiam os montes e vales do Parque Natural da Peneda-Gerês.

Descobrir lugares onde o homem vive em harmonia com natureza bela, e rica em fauna e flora, onde se conservam as selvagens fragas e escarpas das Magníficas Montanhas de Pitões das Júnias. Onde a natureza, faz esculturas enigmáticas como a Pedra do Laço ou a Cara que nos deixam maravilhados.


Mosteiro de Santa Maria das Júnias


A dois quilómetros da aldeia, visitamos as ruínas do Mosteiro de Santa Maria das Júnias, é o mosteiro da ordem cisterciense mais isolado que se tem conhecimento. No vale esconde-se este mosteiro que tem dum lado o planalto da Mourela e do outro a Serra do Gerês. Ao fundo corre ligeiro um ribeiro que alimenta o vale de vida. A escolha do local não nos espanta quando pensamos que a intenção do mosteiro era uma vida humilde e ascética de reclusão e isolamento. O mosteiro cisterciense era um espaço fechado, formado por uma igreja e pelos espaços monacais, rodeado por uma cerca murada onde se localizavam edifícios ligados a funções agrícolas como moinhos, oficinas e celeiros.

A organização dos espaços, em torno de um claustro, encontrava-se organicamente adaptada ao ritmo de vida quotidiana definida pela regra. Num dos topos do claustro ficava a igreja, com planta de cruz latina, geralmente com três naves (exceto as igrejas dos mosteiros femininos que têm mais frequentemente uma nave única), transepto e cabeceira formada por capelas escalonadas ou por deambulatório. O templo estava sempre orientado segundo um eixo nascente-poente.

Tal como o tempo foi vendo o modesto eremitério crescer e tornar-se num belo e grandioso templo, também o viu abandonado, queimado e em ruínas. Contudo todos os anos são motivo de romaria que liga a aldeia ao mosteiro, o dia em que se celebra a Nossa Senhora da Assunção ou São João, que também é adorado com romaria, até à alva Capela de São João da Fraga – de que já não há memória da origem.


Cascata de Pitões das Júnias


Descer os passadiços de acesso ao miradouro da imponente Cascata de Pitões das Júnias, é indispensável para os amantes de caminhadas, a descida vale muito a pena entre carvalhais, zonas de mosaico agrícola e afloramentos graníticos das montanhas.Um trilho belo que na primavera pinta os campos de amarelo da carqueja e de lilás da urze. Mesmo com uma a subida exigente, o percurso não é muito extenso e, quando regressar à aldeia, procure no horizonte para usufruir de maravilhosas vistas sobre a albufeira da Barragem de Paradela.


Aldeia Velha de Juriz


Para finalizar e falando em lugares enigmáticos e abandonados, pergunte na aldeia pelo caminho à Aldeia Velha de Juriz. Julga-se tratar da aldeia medieval “Sancti Vicencii de Gerez”, como referida em documentos históricos, que foi abandonada em tempos de pestes, fome e guerra. Possivelmente terá dado origem a Pitões das Júnias. Tão misteriosa é a sua fundação, como o seu abandono e a vegetação que voltou a tomar conta das casas e arruamentos, confere-lhe um ambiente ainda mais misterioso. Fica a cerca de quilómetro e meio a sudoeste de Pitões das Júnias.